Missão dos Estados Unidos nas Nações Unidas
Gabinete de Imprensa e Diplomacia Pública
Tal como entregue
21 de Julho de 2023
Obrigada, Senhora Presidente. E obrigada, aos Subsecretários-Gerais Griffiths e DiCarlo, pelos vossos relatórios sóbrios. E quero expressar o nosso agradecimento ao Equador e à França por terem convocado esta importante reunião.
Colegas, parece que todas as semanas, a Rússia desce para um novo patamar. Na semana passada, a Rússia bloqueou unilateralmente a resolução de compromisso que estenderia a assistência transfronteiriça aos sírios em extrema necessidade. E esta semana, a Rússia suspendeu a sua participação na Iniciativa de Cereais do Mar Negro, um acordo que ajudou a alimentar os mais vulneráveis do mundo, principalmente as pessoas no Médio Oriente e em África. Ouvimos de um dos nossos informadores que isto é trivial, mas pergunte às pessoas que recebem esta ajuda se elas acham que é trivial.
Esta quarta-feira, o Kremlin lançou mísseis e drones em portos ucranianos matando e ferindo civis, e destruindo 60.000 toneladas de cereais – 60.000 toneladas de cereais. De acordo com o Programa Alimentar Mundial, isso é suficiente para alimentar mais de 270.000 pessoas durante um ano.
Esta semana, a Rússia também anunciou que todos os navios com destino a portos ucranianos nas águas do Mar Negro serão considerados potenciais transportadores de carga militar, o que poderia ter sido evitado com as inspecções que foram realizadas no âmbito da Iniciativa. E ontem à noite, relatórios indicam que a Rússia realizou mais uma rodada de ataques na região de Odesa.
A Rússia está a travar uma guerra contra o abastecimento mundial de alimentos. Está a travar uma guerra contra os pobres num momento em que as necessidades são tão terríveis. E já ouviram dizer que as pessoas estão zangadas. E pessoas vão morrer.
E os Estados Unidos têm informações de que os militares russos podem expandir o seu ataque às instalações ucranianas de cereais para incluir ataques contra navios civis no Mar Negro.
As nossas informações também indicam que a Rússia colocou minas marítimas adicionais nas proximidades dos portos ucranianos. Acreditamos que este é um esforço coordenado para justificar qualquer ataque contra navios civis no Mar Negro e culpar a Ucrânia por estes ataques.
Depois de mais de 500 dias da invasão em grande escala do Presidente Putin na Ucrânia, é fácil ficar insensível – insensível à campanha de crueldade da Rússia. Mas não podemos ficar entorpecidos. Isto não é normal. Este não é o comportamento de um país responsável, de um membro permanente deste Conselho.
Este Conselho é encarregado de manter a paz e a segurança internacionais. Mas a Rússia abalou a paz e a segurança em todo o mundo. A suas acções vão contra tudo o que este Conselho representa.
Desde os primeiros dias da sua guerra ilegal e não provocada contra a Ucrânia, a Rússia transformou os alimentos em armas. As forças russas transformaram os campos de trigo da Ucrânia em campos de batalha. Danificaram os campos com minas e bombas e roubaram e destruíram equipamentos agrícolas e infraestruturas vitais.
Moscovo deve cessar os seus ataques às terras agrícolas e infraestrutura da Ucrânia. Mesmo quando a Rússia fazia parte da Iniciativa dos Cereais do Mar Negro, recusava-se a implementar totalmente o acordo e, com frequência, impedia que navios cheios de alimentos saíssem do porto.
Apesar disso, a Iniciativa de Cereais do Mar Negro fazia uma diferença real. Estava a ajudar a alimentar o mundo. Isto não é trivial, como fomos levados a acreditar.
Este acordo trouxe estabilidade aos mercados globais de alimentos e baixou os preços dos alimentos para todos. Reforçou o trabalho humanitário do Programa Alimentar Mundial em lugares como o Afeganistão, Somália e Iémen. E facilitou a exportação de 32 milhões de toneladas métricas de cereais e alimentos ucranianos. Isso é o equivalente a 18 mil milhões de pães.
E sabemos que mais de dois terços das exportações de alimentos através deste acordo foram para países em desenvolvimento. O primeiro navio que deixou o Mar Negro sob este acordo trouxe cereais para o Líbano. E desde então, graças à Iniciativa de Cereais do Mar Negro, os navios trouxeram alimentos para os portos de África e do Médio Oriente, do Sudão à Etiópia e à Líbia.
Mas no mesmo dia em que a Rússia suspendeu a sua participação na Iniciativa, os preços globais dos cereais subiram acentuadamente. Os exportadores russos já estão a ser beneficiados, enquanto milhões que não podem pagar por cereais mais caros sofrem – especialmente as pessoas no Médio Oriente e em África.
Sejamos claros: a Rússia tem zero – zero – razões legítimas para suspender a sua participação neste acordo. Querem que vocês acreditem que as sanções bloquearam as suas exportações. Isso não poderia estar mais longe da verdade. Eles estão a exportar mais cereais do que nunca e a preços mais altos. A Rússia está simplesmente a usar o Mar Negro como chantagem. É jogar jogos políticos. Mantém a humanidade como refém.
Colegas, as Nações Unidas e a Turquia disseram publicamente que desejam que este acordo continue. A Ucrânia disse publicamente que deseja que este acordo continue. O mundo claramente deseja que este arranjo continue.
Agora, os olhos do mundo estão postos na Rússia. Não é tarde demais para Moscovo reverter a sua decisão – e estender, expandir e implementar totalmente a Iniciativa de Cereais do Mar Negro.
Quero aproveitar esta oportunidade para agradecer às Nações Unidas e à Turquia por tudo o que fizeram para tentar manter este acordo vivo. Este Conselho – e todos os Estados-Membros – devem unir-se e apelar à Rússia que retome as negociações de boa fé. E acabe com esta guerra atroz na Ucrânia para o bem dos mais famintos do mundo, para o bem da humanidade.
Obrigada, Senhora Presidente.
Ver o conteúdo original: https://usun.usmission.gov/remarks-by-ambassador-linda-thomas-greenfield-at-a-un-security-council-briefing-on-the-humanitarian-impacts-of-russias-withdrawal-from-the-black-sea/
Esta tradução é oferecida como cortesia e apenas o texto original em inglês deve ser considerado oficial.