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Departamento de Estado dos EUA
Escritório do Porta-Voz
1 de junho de 2023

Prefeitura de Helsinque
Helsinque, Finlândia

SECRETÁRIO BLINKEN: Obrigado. Muito obrigado. E sim, sinto uma sensação de felicidade maior hoje do que tenho sentido em muito tempo. [Risos.]

Prefeito Vartiainen, obrigado por nos receber aqui em Helsinque e nesta magnífica Prefeitura.

E Mika, meus agradecimentos a você, e também a toda a sua equipe — todos os pesquisadores do Instituto Finlandês de Assuntos Internacionais, por aprofundar os estudos sobre diplomacia e também enriquecer o debate público.

Também estou satisfeito por meu amigo e parceiro, Pekka Haavisto, estar aqui conosco hoje. Trabalhamos muito juntos neste último ano verdadeiramente histórico e sou grato por sua presença.

Para todos os ilustres convidados, há dois meses, estive com nossos Aliados em Bruxelas quando a bandeira da Finlândia foi hasteada pela primeira vez sobre a sede da Otan. O presidente Niinistö declarou, e passo a citar: “A era do não alinhamento militar na Finlândia chegou ao fim. Uma nova era se inicia.”

Foi uma mudança radical que seria impensável um pouco mais de um ano antes. Antes da invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, um em cada quatro finlandeses apoiava a entrada do país na Otan. Após a invasão e grande escala, três em cada quatro finlandeses apoiavam a adesão.

Não foi difícil para os finlandeses se imaginarem no lugar dos ucranianos. Eles se encontraram na mesma situação em novembro de 1939, quando a União Soviética invadiu a Finlândia.

Assim como a chamada “operação especial” do presidente Putin contra a Ucrânia, a chamada “operação de libertação” da URSS acusou falsamente a Finlândia de provocar a invasão.

Como os russos com Kiev, os soviéticos estavam confiantes de que saqueariam Helsinque em semanas — tão confiantes que fizeram com que Dmitri Shostakovich compusesse uma música para o desfile da vitória antes mesmo do início da Guerra de Inverno.

Como Putin na Ucrânia, quando Stalin não conseguiu superar a resistência feroz e determinada dos finlandeses, ele mudou para uma estratégia de terror, incinerando aldeias inteiras e atingindo com bombardeios aéreos tantos hospitais que os finlandeses começaram a cobrir a insígnia da Cruz Vermelha em seus telhados.

Como os milhões de refugiados ucranianos de hoje, centenas de milhares de finlandeses foram expulsos de suas casas pela invasão soviética. Dentre eles duas crianças, Peerko e Henry, cujas famílias deixaram suas casas na Carélia — a mãe e o pai de nosso anfitrião, o prefeito da cidade.

Para muitos finlandeses, os paralelos entre 1939 e 2022 foram impressionantes. Foram viscerais. E eles não estavam errados.

Os finlandeses entenderam que se a Rússia violasse os princípios fundamentais da Carta da ONU — soberania, integridade territorial e independência — se eles fizessem isso na Ucrânia, isso colocará em perigo sua própria paz e segurança também.

Nós também entendemos isso. É por isso que, ao longo de 2021, enquanto a Rússia aumentava suas ameaças contra Kiev e reunia cada vez mais tropas, tanques e aviões nas fronteiras da Ucrânia, envidamos todos os esforços para fazer com que Moscou diminuísse sua crise fabricada e resolvesse suas questões por meio da diplomacia.

O presidente Biden disse ao presidente Putin que estávamos preparados para discutir nossas preocupações mútuas de segurança — uma mensagem que reafirmei repetidamente — inclusive pessoalmente, com o ministro das Relações Exteriores Lavrov. Oferecemos propostas por escrito para reduzir as tensões. Juntamente com nossos aliados e parceiros, usamos todos os fóruns visando tentar evitar a guerra, desde o Conselho Otan-Rússia à OSCE, desde a ONU aos nossos canais diretos.

Através desses engajamentos, definimos dois caminhos possíveis para Moscou: um caminho de diplomacia, que poderia levar a uma maior segurança para a Ucrânia, para a Rússia, para toda a Europa; ou uma via de agressão, que resultaria em graves consequências para o governo russo.

O presidente Biden deixou claro que, independentemente do caminho escolhido pelo presidente Putin, estaríamos de prontidão. E se a Rússia escolhesse a guerra, faríamos três coisas: apoiar a Ucrânia, impor custos severos à Rússia, e reunir aliados e parceiros em torno desses objetivos.

À medida que as nuvens de tempestade se acumulavam, aumentamos a assistência militar, econômica e humanitária à Ucrânia. Primeiro em agosto de 2021 e novamente em dezembro, enviamos equipamentos militares visando reforçar as defesas da Ucrânia, incluindo [mísseis] Javelins e [sistemas antiaéreos] Stinger. E destacamos uma equipe do Comando Cibernético dos EUA para ajudar a Ucrânia a fortalecer sua rede elétrica e outras infraestruturas cruciais contra ataques cibernéticos.

Preparamos um conjunto sem precedentes de sanções, controles de exportação e outros custos econômicos com o intuito de impor consequências severas e imediatas à Rússia no caso de uma invasão em grande escala.

Tomamos medidas para não deixar dúvidas de que nós e nossos Aliados manteríamos nosso compromisso de defender cada centímetro do território da Otan.

E trabalhamos incansavelmente para reunir aliados e parceiros a fim de ajudar a Ucrânia a se defender e privar Putin de seus objetivos estratégicos.

Desde o primeiro dia de seu governo, o presidente Biden tem se concentrado em reconstruir e revitalizar as alianças e parcerias dos Estados Unidos, sabendo que somos mais fortes quando trabalhamos ao lado daqueles que compartilham nossos interesses e nossos valores.

No período que antecedeu a invasão da Rússia, demonstramos o poder dessas parcerias — coordenando nosso planejamento e estratégia para uma possível invasão com a Otan, a UE, o G7 e outros aliados e parceiros de todo o mundo.

Durante aquelas semanas fatídicas em janeiro e fevereiro de 2022, ficou claro que nenhum esforço diplomático mudaria a opinião do presidente Putin. Ele escolheria a guerra.

E assim, em 17 de fevereiro de 2022, compareci ao Conselho de Segurança da ONU para alertar o mundo de que uma invasão em grande escala por parte da Rússia na Ucrânia era iminente.

Estabeleci as medidas que a Rússia tomaria — primeiro fabricando um pretexto e depois usando mísseis, tanques, tropas e ataques cibernéticos a fim de atingir alvos pré-identificados, incluindo Kiev, com o objetivo de derrubar o governo democraticamente eleito da Ucrânia e apagar a Ucrânia do mapa como um país independente.

Esperávamos — esperávamos — provar que estávamos errados.

Infelizmente, estávamos certos. Uma semana após minha advertência ao Conselho de Segurança, o presidente Putin invadiu. Ucranianos de todas as esferas da vida — soldados e cidadãos, homens e mulheres, jovens e idosos — defenderam bravamente sua nação.

E os EUA agiram com rapidez, decisão e em uníssono com os aliados e parceiros a fim de fazer exatamente o que dissemos que faríamos: apoiar a Ucrânia, impor custos à Rússia, fortalecer a Otan — tudo isso com nossos aliados e parceiros.

E com nosso apoio coletivo, a Ucrânia fez o que disse que faria: defendeu seu território, sua independência, sua democracia.

Hoje, o que desejo fazer é expor esta e muitas outras maneiras das quais a guerra de agressão de Putin contra a Ucrânia tem sido um fracasso estratégico, diminuindo muito o poder da Rússia, seus interesses e sua influência nos próximos anos. E também compartilharei nossa visão do caminho rumo a uma paz justa e duradoura.

Quando se olha para as metas e os objetivos estratégicos de longo prazo do presidente Putin, não há dúvida: a Rússia está significativamente pior hoje do que antes da invasão em grande escala da Ucrânia — militar, econômica e geopoliticamente.

Onde Putin pretendia projetar força, ele tem revelado fraqueza. Onde ele pretendia dividir, ele tem causado união. O que ele tentou impedir, ele tem se precipitado. Esse resultado não é acidental. É o resultado direto da coragem e da solidariedade do povo ucraniano e das medidas deliberadas, decisivas e rápidas que nós e nossos parceiros temos adotado para apoiar a Ucrânia.

Primeiro, durante anos, o presidente Putin procurou enfraquecer e dividir a Otan, sob a falsa alegação de que representava uma ameaça para a Rússia. Na verdade, antes de a Rússia invadir a Crimeia e o leste da Ucrânia em 2014, a postura da Otan refletia uma convicção compartilhada de que o conflito na Europa era improvável. Os Estados Unidos reduziram significativamente suas forças militares na Europa desde o fim da Guerra Fria, de 315 mil em 1989 para 61 mil no final de 2013. E os gastos de muitos países europeus com defesa vinham diminuindo há anos. A doutrina estratégica da Otan na época rotulou a Rússia como parceira.

Após a invasão da Crimeia e de Donbass pela Rússia em 2014, essa maré começou a mudar. Os aliados se comprometeram a gastar dois por cento do PIB em defesa e enviaram novas forças para o flanco oriental da Otan em resposta à agressão da Rússia. A Aliança tem acelerado sua transformação desde a invasão em grande escala da Rússia — não para representar uma ameaça ou porque a Otan busca conflito. A Otan sempre foi — e sempre será— uma aliança defensiva. Mas a agressão, as ameaças e o sabre nuclear da Rússia nos obrigaram a reforçar nossa dissuasão e defesa.

Horas após a invasão em grande escala, ativamos a Força de Resposta defensiva da Otan. Nas semanas que se seguiram, vários Aliados — incluindo Reino Unido, Alemanha, Holanda, Dinamarca, Espanha e França — enviaram rapidamente tropas, aeronaves e navios para reforçar o flanco oriental da Otan. Duplicamos o número de navios patrulhando os Mares do Norte e Báltico e duplicamos o número de grupos de batalha na região. Os Estados Unidos estabeleceram sua primeira presença militar permanente na Polônia. E, claro, a Otan acrescentou a Finlândia como seu 31º Aliado e, em breve, nós adicionaremos a Suécia como o 32º.

Conforme nos encaminhamos para a Cúpula da Otan em Vilnius, a nossa mensagem compartilhada será clara: os Aliados da Otan estão empenhados em reforçar a dissuasão e a defesa, visando gastos com a defesa mais amplos e mais inteligentes, visando aprofundar os laços com parceiros do Indo-Pacífico. A porta da Otan permanece aberta para novos membros e permanecerá aberta.

A invasão da Rússia também levou a União Europeia a fazer mais — e mais junto com os Estados Unidos e a Otan — do que nunca. A UE e seus Estados-membros já forneceram mais de US$ 75 bilhões em apoio militar, econômico e humanitário à Ucrânia. Isso inclui US$ 18 bilhões em assistência de segurança, desde sistemas de defesa aérea a tanques Leopard e munições. Em estreita coordenação com os EUA, o Reino Unido e outros parceiros, a UE tem imposto suas sanções mais ambiciosas de todos os tempos, imobilizando mais da metade dos ativos soberanos da Rússia. E nações europeias já acolheram mais de 8 milhões de refugiados ucranianos, a maioria dos quais não só tem tido acesso a serviços públicos, mas também o direito de trabalhar e estudar.

Em segundo lugar, durante décadas, Moscou trabalhou para aprofundar a dependência da Europa em relação à Rússia para [fornecimento de] petróleo e gás. Desde a invasão em grande escala do presidente Putin, a Europa se afastou da energia russa de maneira rápida e decisiva. Berlim cancelou imediatamente o Nord Stream 2, que teria duplicado o fluxo de gás russo para a Alemanha.

Antes da invasão de Putin, países europeus importavam 37% de seu gás natural da Rússia. A Europa cortou isso em mais da metade em menos de um ano. Em 2022, países da UE geraram um recorde de um quinto de sua eletricidade por meio das energias eólica e solar — mais eletricidade do que a UE gerou por meio de carvão, gás ou qualquer outra fonte de energia. E os Estados Unidos, por sua vez, mais que duplicaram nosso fornecimento de gás para a Europa, e nossos aliados asiáticos — Japão, República da Coreia — também se empenharam para aumentar o abastecimento da Europa.

Enquanto isso, o teto do preço do petróleo que nós e nossos parceiros do G7 estabelecemos tem mantido a energia da Rússia no mercado global, e ao mesmo tempo reduzindo drasticamente as receitas russas. Um ano após a invasão, as receitas de petróleo da Rússia caíram 43%. As receitas fiscais do governo russo com petróleo e gás caíram quase dois terços. E Moscou não recuperará os mercados que perdeu na Europa.

Em terceiro lugar, o presidente Putin passou duas décadas tentando transformar as Forças Armadas da Rússia em uma força moderna, com armamento de ponta, comando eficaz e soldados bem treinados e bem equipados. O Kremlin frequentemente alegava ter o segundo Exército mais forte do mundo, e muitos acreditavam nisso. Hoje, muitos veem o Exército da Rússia como o segundo mais forte na Ucrânia. Seus equipamentos, tecnologia, liderança, tropas, estratégia, táticas e estado de ânimo são um estudo de caso de fracasso — mesmo quando Moscou inflige danos devastadores, indiscriminados e gratuitos à Ucrânia e aos ucranianos.

Estima-se que a Rússia tenha sofrido mais de 100 mil baixas apenas nos últimos seis meses, enquanto Putin envia onda após onda de russos para um moedor de carne de sua própria fabricação.

Enquanto isso, sanções e controles de exportação impostos por Estados Unidos, União Europeia e outros parceiros em todo o mundo têm degradado severamente a máquina de guerra e as exportações de defesa da Rússia, que serão prejudicadas por anos a fio. Os parceiros e clientes globais de defesa da Rússia não podem mais contar com pedidos prometidos, muito menos com peças de reposição. E ao testemunhar o fraco desempenho da Rússia no campo de batalha, eles estão cada vez mais levando seus negócios para outros lugares.

Em quarto lugar, o presidente Putin queria construir a Rússia como uma potência econômica global. Sua invasão consolidou seu fracasso de longa data em diversificar a economia da Rússia, fortalecer seu capital humano e integrar totalmente o país à economia global. Hoje, a economia da Rússia é uma sombra do que era e uma fração do que poderia ter se tornado, se Putin tivesse investido em tecnologia e inovação, em vez de armas e guerra.

As reservas estrangeiras da Rússia caíram mais da metade, assim como os lucros de suas empresas estatais. Mais de 1.700 empresas estrangeiras já reduziram, suspenderam ou encerraram as operações na Rússia desde o início da invasão. São dezenas de milhares de empregos perdidos, uma fuga maciça de especialistas estrangeiros e bilhões de dólares em receita perdida para o Kremlin.

Um milhão de pessoas já fugiram da Rússia, incluindo muitos dos principais especialistas em TI, empresários, engenheiros, médicos, professores, jornalistas e cientistas do país. Inúmeros artistas, escritores, cineastas e músicos também partiram, não vendo futuro para si mesmos em um país onde não podem se expressar livremente.

Em quinto lugar, o presidente Putin investiu um esforço considerável para mostrar que a Rússia poderia ser um parceiro valioso para a China. Na véspera da invasão, Pequim e Moscou declararam uma parceria “sem limites”. Dezoito meses após a invasão [da Rússia], essa parceria bilateral parece cada vez mais unilateral. A agressão de Putin e a utilização de dependências estratégicas da Rússia como arma têm servido como um alerta para governos de todo o mundo fazerem esforços a fim de diminuir os riscos. E juntos, os EUA e nossos parceiros estão tomando medidas para reduzir essas vulnerabilidades, desde a construção de cadeias de suprimentos cruciais mais resilientes até o fortalecimento de nossas ferramentas compartilhadas visando combater a coerção econômica.

Portanto, a agressão da Rússia não tem nos desviado do enfrentamento dos desafios no Indo-Pacífico. Na verdade, tem aguçado nosso foco neles. E nosso apoio à Ucrânia não tem enfraquecido nossas capacidades de enfrentar ameaças potenciais advindas da China ou de qualquer outro lugar — ele as tem fortalecido. E acreditamos que Pequim está percebendo que, longe de ser intimidado por uma violação forçada da Carta da ONU, o mundo se uniu para defendê-la.

Em sexto lugar, antes da guerra, o presidente Putin usou regularmente a influência da Rússia em organizações internacionais para tentar enfraquecer a Carta da ONU. Hoje, a Rússia está mais isolada no cenário mundial do que nunca. Pelo menos 140 nações — dois terços dos Estados-membros da ONU — já votaram repetidamente na Assembleia Geral da ONU para afirmar a soberania e a integridade territorial da Ucrânia, a fim de rejeitar as tentativas de Putin de anexar ilegalmente o território ucraniano, de condenar a agressão e atrocidades da Rússia e pedir uma paz consistente com os princípios da Carta da ONU. Governos do Ocidente e do Oriente, do Norte e do Sul têm votado para suspender a Rússia de várias instituições, desde o Conselho de Direitos Humanos da ONU até a Organização Internacional de Aviação Civil. Candidatos russos têm perdido uma eleição após a outra para cargos importantes em instituições internacionais, desde os conselhos administrativos do Unicef à liderança da agência da ONU responsável por tecnologias de informação e comunicação, à UIT.

Cada repreensão e derrota para Moscou não é apenas um voto contra a agressão da Rússia, mas um voto a favor dos princípios fundamentais da Carta da ONU. E países de todas as partes do mundo estão apoiando os esforços para responsabilizar a Rússia por seus crimes de guerra e crimes contra a humanidade, desde a criação de uma comissão especial da ONU para documentar os crimes e as violações dos direitos humanos cometidos na guerra da Rússia, até auxiliar as investigações de promotores na Ucrânia e no Tribunal Penal Internacional.

Em sétimo lugar, o presidente Putin durante anos procurou dividir o Ocidente do restante [do mundo], alegando que a Rússia estava promovendo os melhores interesses do mundo em desenvolvimento. Hoje, graças à declaração aberta de suas ambições imperiais e a utilização de alimentos e combustível como armas, o presidente Putin tem diminuído a influência da Rússia em todos os continentes. Os esforços de Putin para reconstituir um império secular fez com que todas as nações que sofreram o domínio e a repressão colonial se lembrassem de sua própria dor. Então, ele exacerbou as dificuldades econômicas que muitas nações já estavam enfrentando devido à Covid e às mudanças climáticas, impedindo o envio de grãos da Ucrânia a mercados mundiais e aumentando o custo de alimentos e combustível em todos os lugares.

Por outro lado, em um desafio global após o outro, os EUA e nossos parceiros têm provado que nosso foco na Ucrânia não nos distrairá de trabalhar para melhorar a vida das pessoas em todo o mundo e lidar com os custos em cascata da agressão da Rússia. Nossa ajuda alimentar emergencial sem precedentes tem impedido que milhões de pessoas morram de fome. Só no ano passado, os EUA doaram US$ 13,5 bilhões em assistência alimentar. E os Estados Unidos estão atualmente financiando mais da metade do orçamento do Programa Mundial de Alimentação da ONU. A Rússia financia menos de um por cento.

Apoiamos um acordo negociado pelo secretário-geral da ONU, Guterres, e a Turquia visando romper o domínio da Rússia sobre os grãos ucranianos, permitindo que 29 milhões de toneladas de alimentos, número que tende a aumentar, saíssem da Ucrânia e chegassem a pessoas ao redor do mundo. Isso inclui 8 milhões de toneladas de trigo, o equivalente a cerca de 16 bilhões de pães.

Juntamente com aliados e parceiros, estamos mobilizando centenas de bilhões de dólares em financiamento para infraestrutura de alta qualidade nos países onde ela é mais necessária e construindo-a de maneira transparente, benéfica para o meio ambiente; empodera trabalhadores e comunidades locais.

Estamos fortalecendo a segurança global da saúde, desde a capacitação de meio milhão de profissionais de saúde em nosso hemisfério, nas Américas, e ajudando a empresa farmacêutica Moderna a finalizar planos com o Quênia a fim de construir sua primeira instalação de fabricação de vacinas de mRNA na África.

Reiteradamente, estamos demonstrando quem fomenta os problemas globais e quem os resolve.

Finalmente, o objetivo central do presidente Putin — na verdade, sua obsessão — tem sido apagar a própria ideia da Ucrânia — sua identidade, seu povo, sua cultura, sua agência e seu território. Mas aqui também as ações de Putin têm precipitado o efeito oposto. Ninguém tem feito mais para fortalecer a identidade nacional da Ucrânia do que o homem que tentou eliminá-la. Ninguém tem feito mais para intensificar a determinação dos ucranianos de escrever seu próprio futuro em seus próprios termos.

A Ucrânia nunca será a Rússia. A Ucrânia permanece soberana, independente, firmemente no controle de seu próprio destino. Nisso — o principal objetivo de Putin — ele fracassou de maneira espetacular.

O presidente Putin alega constantemente que os Estados Unidos, a Europa e países que apoiam a Ucrânia estão empenhados em derrotar ou destruir a Rússia, em derrubar seu governo e conter seu povo. Isso é falso. Não buscamos a derrubada do governo russo e nunca o fizemos. O futuro da Rússia é para os russos decidirem.

Não temos nenhuma disputa com o povo russo, que não teve voz no início desta trágica guerra. Lamentamos que Putin esteja enviando dezenas de milhares de russos para a morte em uma guerra que ele poderia terminar agora, se quisesse — e infligindo um impacto desastroso na economia e nas perspectivas da Rússia. De fato, deve-se perguntar: como a guerra de Putin tem melhorado a vida, o sustento ou as perspectivas de cidadãos russos comuns?

Tudo o que nós, nossos aliados e parceiros fazemos em resposta à invasão de Putin tem o mesmo propósito: ajudar a Ucrânia a defender sua soberania, sua integridade territorial e independência, e defender as regras e princípios internacionais que estão ameaçados pela guerra em curso de Putin.

Permitam-me dizer diretamente ao povo russo: os Estados Unidos não são seus inimigos. No final pacífico da Guerra Fria, compartilhamos a esperança de que a Rússia emergisse para um futuro melhor, livre e aberto, e totalmente integrado ao mundo. Por mais de 30 anos, trabalhamos para buscar relações estáveis e de cooperação com Moscou, porque acreditávamos que uma Rússia pacífica, segura e próspera é do interesse dos Estados Unidos — de fato, e interesse do mundo. Ainda acreditamos nisso hoje.

Não podemos escolher seu futuro por vocês e nem tentaremos. Mas também não permitiremos que o presidente Putin imponha sua vontade a outras nações. Moscou deve tratar a independência, a soberania e a integridade territorial de seus vizinhos com o mesmo respeito que exige em relação à Rússia.

Pois bem, como deixei claro, em praticamente todas as medidas, a invasão da Ucrânia pelo presidente Putin tem sido um fracasso estratégico. No entanto, embora Putin tenha fracassado em atingir seus objetivos, ele não desistiu deles. Ele está convencido de que pode simplesmente superar a Ucrânia e seus apoiadores, enviando cada vez mais russos para a morte, infligindo cada vez mais sofrimento a civis ucranianos. Ele acredita que, mesmo que perca o jogo no curto prazo, ainda pode vencer no longo prazo. Putin também está equivocado em relação a isso.

Os Estados Unidos — juntamente com nossos aliados e parceiros — estão firmemente comprometidos em apoiar a defesa da Ucrânia hoje, amanhã e pelo tempo que for necessário. E nos Estados Unidos, esse apoio é bipartidário. E precisamente porque não temos ilusões sobre as aspirações de Putin, acreditamos que o pré-requisito para uma diplomacia significativa e uma paz real é uma Ucrânia mais forte, capaz de dissuadir e se defender contra qualquer futura agressão.

Reunimos uma equipe formidável em torno desse esforço. Com a liderança do secretário Austin, mais de 50 países estão cooperando por meio do Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia. E estamos liderando pelo poder de nosso exemplo, fornecendo dezenas de bilhões de dólares em assistência de segurança à Ucrânia, com apoio robusto e inabalável de ambos os partidos Republicano e Democrata de nosso Congresso.

Hoje, os Estados Unidos, nossos aliados e parceiros estão ajudando a atender às necessidades da Ucrânia no atual campo de batalha, enquanto constroem uma força que consiga deter e defender contra agressões nos próximos anos. Isso significa ajudar a construir um Exército ucraniano do futuro, com financiamento no longo prazo, uma força aérea forte centrada em aeronaves de combate modernas, uma rede integrada de defesa aérea e antimísseis, tanques avançados e veículos blindados, capacidade nacional de produção de munições e o treinamento e apoio a fim de manter as forças e equipamentos de combate de prontidão.

Isso também significa que a adesão da Ucrânia à Otan será uma questão para os Aliados e a Ucrânia — não a Rússia — decidirem. O caminho para a paz será forjado não apenas pela força militar de longo prazo da Ucrânia, mas também pela força de sua economia e sua democracia. Isto está no cerne de nossa visão para o caminho a seguir: a Ucrânia não deve apenas sobreviver, deve prosperar. Para ser forte o suficiente a fim de deter agressores e se defender contra eles, além de suas fronteiras, a Ucrânia precisa de uma democracia vibrante e próspera dentro de suas fronteiras.

Esse é o caminho no qual o povo ucraniano votou quando conquistou sua independência em 1991. É a escolha que defenderam na [Revolução de] Maidan em 2004, e novamente em 2013: uma sociedade livre e aberta, com respeito aos direitos humanos e ao Estado de Direito, plenamente integrada com a Europa, onde todos os ucranianos têm dignidade e a oportunidade para realizar todo o seu potencial — e onde o governo responde às necessidades de seu povo, não às necessidades dos interesses pessoais e das elites.

Estamos empenhados em trabalhar com aliados e parceiros para ajudar os ucranianos a tornar sua visão uma realidade. Não apenas ajudaremos a Ucrânia a reconstruir sua economia, mas também a reimaginá-la, com novas indústrias, rotas comerciais e cadeias de suprimentos conectadas à Europa e aos mercados de todo o mundo. Continuaremos a fortalecer os órgãos anticorrupção independentes da Ucrânia, uma imprensa livre e vibrante, e organizações da sociedade civil. Ajudaremos a Ucrânia a reformular sua rede de energia — mais da metade da qual foi destruída pela Rússia — e fazê-lo de uma forma que seja mais limpa, mais resiliente e mais integrada com seus vizinhos, a fim de que a Ucrânia possa um dia se tornar exportadora de energia.

A maior integração da Ucrânia com a Europa é vital para todos esses esforços. Kiev deu um passo gigantesco nessa direção em junho passado, quando a União concedeu formalmente à Ucrânia o status de candidato à UE. E Kiev está trabalhando para progredir em direção aos indicadores de desempenho da UE, mesmo enquanto luta por sua sobrevivência.

Investir na força da Ucrânia não é feito à custa da diplomacia. Isso abre caminho para a diplomacia. O presidente Zelensky tem dito reiteradamente que a diplomacia é a única maneira de acabar com esta guerra, e nós concordamos. Em dezembro, ele apresentou uma visão para uma paz justa e duradoura. Em vez de engajar naquela proposta ou até mesmo oferecer uma proposta própria, o presidente Putin disse que não há nada para discutir até que a Ucrânia aceite, e cito, as “novas realidades territoriais” — em outras palavras, aceite a apreensão de 20% do território da Ucrânia pela Rússia. Putin passou o inverno tentando congelar civis ucranianos até a morte e, em seguida, a primavera tentando bombardeá-los até a morte. Dia após dia, a Rússia realiza ataques com mísseis e drones contra prédios de apartamentos, escolas e hospitais ucranianos.

Pois bem, à distância, é fácil ficar insensível a essas e outras atrocidades russas, como o ataque com drones na semana passada contra uma clínica médica em Dnipro, que matou quatro pessoas, incluindo médicos; ou os 17 ataques a Kiev apenas no mês de maio, muitos utilizando mísseis hipersônicos; ou o ataque com mísseis em abril na cidade de Uman — a centenas de quilômetros das linhas de frente — que matou 23 civis. O ataque com foguete atingiu vários prédios de apartamentos em Uman antes do amanhecer. Em um desses prédios, um pai, Dmytro, correu para o quarto onde dormiam seus filhos — Kyrylo, de 17 anos, e Sophia, de 11. Mas quando ele abriu a porta, o quarto não existia mais, apenas fogo e fumaça. Seus filhos foram mortos. Mais duas vidas inocentes, extintas. Duas de seis crianças que a Rússia matou, em um único ataque. Duas das milhares de crianças ucranianas mortas pela guerra de agressão da Rússia. Outras milhares se feriram, e milhares além dessas foram sequestradas de suas famílias pela Rússia e entregues a famílias russas. Milhões foram deslocadas. Todas fazem parte de uma geração de crianças ucranianas aterrorizadas, traumatizadas e marcadas pela guerra de agressão de Putin, todas elas nos fazem lembrar por que os ucranianos estão tão empenhados em defender sua nação e por que eles merecem — merecem — uma paz justa e duradoura.

Ora, alguns têm argumentado que, se os Estados Unidos realmente quisessem a paz, deixaríamos de apoiar a Ucrânia, e então que se a Ucrânia realmente quisesse acabar com a guerra, interromperia suas perdas e renunciaria a um quinto de seu território que a Rússia ocupa ilegalmente. Vamos analisar isso por um momento. Quais vizinhos da Rússia se sentiriam confiantes em sua própria soberania e integridade territorial se a agressão de Putin fosse recompensada com um quinto do território da Ucrânia?

E, inclusive, como poderia qualquer país que vive perto de um intimidador com histórico de ameaças e agressões se sentir seguro dentro de suas próprias fronteiras? Que lição outros possíveis agressores ao redor do mundo aprenderão se Putin tiver a permissão de violar um princípio fundamental da Carta da ONU com impunidade? E quantas vezes na história agressores, que se apoderaram de todo ou parte de um país vizinho, ficaram satisfeitos e pararam por aí? Quando isso satisfez Vladimir Putin?

Os Estados Unidos têm trabalhado com a Ucrânia — e aliados e parceiros em todo o mundo — para construir um consenso sobre os elementos centrais de uma paz justa e duradoura. Para ser claro: os Estados Unidos acolhem qualquer iniciativa que ajude a trazer o presidente Putin à mesa para se engajar em uma diplomacia significativa. Apoiaremos os esforços — sejam do Brasil, da China ou de qualquer outra nação — se ajudarem a encontrar um caminho para uma paz justa e duradoura, que esteja em conformidade com os princípios da Carta da ONU.

Eis o que isso significa.

Uma paz justa e duradoura deve respeitar a Carta da ONU e afirmar os princípios de soberania, integridade territorial e independência.

Uma paz justa e duradoura requer a plena participação e consentimento da Ucrânia — nada sobre a Ucrânia sem a Ucrânia.

Uma paz justa e duradoura deve apoiar a reconstrução e a recuperação da Ucrânia, com a Rússia pagando sua parte.

Uma paz justa e duradoura deve abordar tanto a responsabilidade quanto a reconciliação.

Uma paz justa e duradoura pode abrir caminho para o alívio das sanções ligadas a ações concretas, especialmente a retirada militar. Uma paz justa e duradoura deve acabar com a guerra de agressão da Rússia.

Pois bem, ao longo das próximas semanas e meses, mais países pedirão um cessar-fogo. E, à primeira vista, isso soa sensato — atraente, até. Afinal, quem não quer que as partes em conflito deponham as armas? Quem não quer que a matança pare?

Mas um cessar-fogo que simplesmente congela as linhas atuais e permite a Putin consolidar o controle sobre o território que confiscou, e, em seguida, descansar, se rearmar e atacar novamente — isso não é uma paz justa e duradoura. É uma paz de Potemkin. Isso legitimaria a apropriação de terras pela Rússia. Recompensaria o agressor e puniria a vítima.

Se e quando a Rússia estiver pronta para trabalhar em favor da verdadeira paz, os Estados Unidos responderão, em conjunto com a Ucrânia e outros aliados e parceiros ao redor do mundo. E, juntamente com a Ucrânia, aliados e parceiros, estaríamos preparados para ter uma discussão mais ampla sobre a segurança europeia que promove a estabilidade e a transparência, e reduz a probabilidade de conflitos futuros.

Nas próximas semanas e meses, os Estados Unidos continuarão a trabalhar com a Ucrânia, com nossos aliados e parceiros — e todas e quaisquer partes dedicadas a apoiar uma paz justa e duradoura com base nesses princípios.

Em 4 de abril de 1949, 74 anos antes de a Finlândia aderir à Otan, os membros originais da Aliança se reuniram em Washington a fim de assinar seu tratado constitutivo. O presidente Truman advertiu o grupo, e cito: “Não podemos ter sucesso se nosso povo for assombrado pelo medo constante de agressão e sobrecarregado pelo custo de preparar suas nações individualmente contra ataques. Nós esperamos criar um escudo contra a agressão e o medo da agressão — um baluarte que nos permitirá prosseguir com o verdadeiro negócio de (…) alcançar uma vida mais plena e mais feliz para todos os nossos cidadãos.”

O mesmo é verdade hoje. Nenhuma nação — nem a Ucrânia, nem os Estados Unidos, nem a Finlândia, nem a Suécia, nem qualquer outro país pode ajudar seu povo se viver em constante medo de agressão. É por isso que todos nós temos interesse em garantir que a guerra de agressão do presidente Putin contra a Ucrânia continue sendo um fracasso estratégico.

Em seu discurso de Ano Novo ao povo finlandês, o presidente Niinistö identificou uma das falhas fundamentais do plano do presidente Putin de conquistar rapidamente a Ucrânia — uma falha que também fadou ao fracasso o plano de Stalin de conquistar rapidamente a Finlândia. Como disse o presidente Niinistö, e eu cito: “Como líderes de um país sob regime autoritário, Stalin e Putin fracassaram em reconhecer (…) que as pessoas que vivem em um país livre têm sua própria vontade e convicções. E que uma nação que trabalha unida constitui uma força imensa.”

Os finlandeses têm uma palavra para essa combinação feroz de vontade e determinação: sisu. E eles reconhecem o sisu na luta dos ucranianos hoje. E quando um povo livre, como os ucranianos, tem em sua retaguarda o apoio de nações livres ao redor do mundo — nações que reconhecem seus destinos e liberdades — seus direitos e segurança estão inextricavelmente ligados, a força que possuem não é apenas imensa. É imbatível.

Muito obrigado. [Aplausos.]


Veja o conteúdo original: https://www.state.gov/russias-strategic-failure-and-ukraines-secure-future/

Esta tradução é fornecida como cortesia e apenas o texto original em inglês deve ser considerado oficial.

U.S. Department of State

The Lessons of 1989: Freedom and Our Future