Departamento de Estado dos EUA
Gabinete do Porta-voz
Entrevista
7 de agosto de 2023
Washington, D.C.
PERGUNTA: Muito bem. Eu vou começar perguntando um pouco sobre o papel do Brasil nessa crise mundial de insegurança alimentar porque o presidente brasileiro tem uma posição de neutralidade na guerra. O Lula já conversou com o presidente Zelenskyy, o presidente Vladimir Putin. E você acredita que isso o coloca em um bom lugar para talvez mediar uma conversa com – e tentar convencer a Rússia a voltar ao acordo de grãos com a Ucrânia?
SECRETÁRIO BLINKEN: Em suma, sim. Acho que a voz do Brasil, a voz do presidente Lula, é fundamental. E usar essa voz para convencer os russos a voltar ao acordo seria uma coisa muito, muito positiva. E lembre-se, em primeiro lugar, esse acordo nunca deveria ter sido necessário. Só foi necessário porque a Rússia decidiu invadir a Ucrânia e, depois de tê-lo feito, bloqueou os seus portos, impedindo a saída de grãos e trigo.
As Nações Unidas e a Turquia então negociaram um acordo para permitir a saída de grãos e trigo. Embora esse acordo tenha sido executado antes da saída da Rússia há algumas semanas, 35 milhões de toneladas de produtos alimentícios saíram da Ucrânia. Metade disso estava a caminho do mundo em desenvolvimento, dois terços do trigo a caminho de países de baixa e média renda, muitos na África. A Rússia rasgou o equivalente a 18 bilhões de pães.
Ao mesmo tempo, mesmo os países que não estavam recebendo os produtos alimentícios direta ou indiretamente da Ucrânia estavam se beneficiando do fato de que os preços eram mais baixos porque havia mais alimentos nos mercados mundiais. Desde que a Rússia tomou sua medida de sair do acordo, os preços para todos subiram 10% ou 15%.
Portanto, o mundo está dizendo em voz alta, queremos que a Rússia volte a este acordo. E, claro, o Brasil é uma importante influência e voz para trazer a Rússia de volta nessa direção. Seria uma coisa muito boa.
PERGUNTA: O Brasil já aumentou a sua produção de alimentos. Mas o Brasil também enfrenta um problema interno de insegurança alimentar, com mais de 70 milhões de brasileiros sofrendo de insegurança alimentar.
SECRETÁRIO BLINKEN: Sim.
PERGUNTA: Então, levando isso em consideração, o que você acha – você acha que o Brasil poderia estar fazendo mais ou talvez desempenhando um papel mais ativo e lidar com essa crise mundial?
SECRETÁRIO BLINKEN: Bem, este é um desafio mundial de muitas maneiras. Temos cerca de 250 milhões de pessoas em todo o mundo em situação de insegurança alimentar aguda. E o que aconteceu nos últimos anos é uma combinação de coisas: mudanças climáticas, COVID por um tempo e conflitos. O maior motor da insegurança alimentar atualmente é o conflito que, de uma forma ou de outra, está prejudicando o fornecimento de alimentos.
No caso da Ucrânia, tragicamente, a Rússia também está usando alimentos como arma de guerra, como alavanca para avançar seus objetivos. Na semana passada, 91 países se reuniram nas Nações Unidas e rejeitaram em uma declaração o uso de alimentos como arma de guerra. E todos são afetados quando isso acontece. Como eu disse, quando os alimentos não estão chegando aos mercados mundiais, isso afeta até mesmo os países que não estavam recebendo esses alimentos diretamente porque os preços sobem.
Temos um desafio maior, que é criar maior segurança alimentar de forma sustentável daqui para frente, independentemente de conflitos, das mudanças climáticas. Estive nas Nações Unidas na semana passada falando sobre algumas iniciativas que temos. Saudamos muito a parceria com o Brasil nessas iniciativas. E muito rapidamente, uma das coisas que descobrimos é que a maneira mais importante de ter uma produção forte em qualquer país é garantir que a qualidade das sementes que vão para o solo seja forte e resistente às mudanças climáticas, e a qualidade do solo, da terra onde estão sendo plantadas, seja forte.
Agora temos uma forma de mapear a qualidade do solo em qualquer lugar do mundo e descobrir o que é bom, o que é ruim e como você pode melhorá-lo. Portanto, são iniciativas de longo prazo. Enquanto isso, a assistência de emergência é fundamental.
Veja o conteúdo original: https://www.state.gov/secretary-antony-j-blinken-with-raquel-krahenbuhl-of-globonews/
Esta tradução é fornecida como cortesia e apenas o texto original em inglês deve ser considerado oficial.