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Departamento De Estado Dos Eua
Escritório do Secretário de Imprensa
24 de março de 2021
Discurso

Ágora da sede da Otan
Bruxelas, Bélgica

SECRETÁRIO BLINKEN: Boa tarde.

Algumas semanas atrás, não muito depois de me tornar secretário de Estado, falei diretamente ao povo americano. Eu disse que meu trabalho número um é garantir que a política externa dos Estados Unidos o beneficie — que torne suas vidas mais seguras, crie oportunidades para suas famílias e comunidades e aborde os desafios globais que estão cada vez mais moldando seu futuro.

E eu disse que uma forma fundamental de apresentarmos resultados para o povo americano é reafirmar e revitalizar nossas alianças e parcerias em todo o mundo.

É por isso que vim a Bruxelas esta semana. Estou falando com vocês agora da sede da Otan, a aliança do tratado que tem defendido a segurança e a liberdade da Europa e da América do Norte por quase 75 anos.

Pois bem, americanos discordam de algumas coisas, mas o valor de alianças e parcerias não está entre elas. De acordo com uma pesquisa recente do Conselho de Assuntos Globais de Chicago, nove em cada dez americanos acreditam que manter nossas alianças é a maneira mais eficaz de atingir nossos objetivos de política externa. Nove em cada dez. Não é difícil ver por quê. Eles veem as ameaças que enfrentamos — como as mudanças climáticas, a pandemia da Covid-19, a desigualdade econômica, uma China cada vez mais assertiva — e sabem que é melhor os Estados Unidos enfrentá-las com parceiros do que sozinhos. E todos os nossos aliados podem dizer o mesmo.

Ora, o mundo parece muito diferente do que era há décadas, quando forjamos muitas de nossas alianças — ou até mesmo mais do que era há quatro anos. Ameaças têm se multiplicado. A competição endureceu. As dinâmicas de poder mudaram. A confiança em nossas alianças foi abalada — a confiança uns nos outros e a confiança na força de nossos compromissos. No âmbito de todas as nossas alianças e mesmo em cada uma delas, nem sempre concordamos com as ameaças que enfrentamos ou como confrontá-las. Nossos valores compartilhados de democracia e direitos humanos estão sendo desafiados — não somente de fora de nossos países, mas internamente. E nossas ameaças estão ultrapassando os esforços que fazemos para construir as capacidades de que precisamos para nos defender delas.

No entanto, nada disso muda o fato de que precisamos de alianças — agora tanto quanto antes e talvez ainda mais do que nunca. O desafio que enfrentamos é de nos adaptar a essas alianças e de renová-las a fim de que elas possam enfrentar as ameaças de hoje, e que continuem a propiciar resultados para nosso povo agora, como fizeram no passado.

Hoje, vou mostrar como fazer isso.

Primeiro vou definir as ameaças comuns que enfrentamos. A seguir, falarei sobre o que precisamos fazer para reafirmar e revitalizar nossas alianças para que não apenas nos defendam dessas ameaças, mas também protejam nossos interesses e valores compartilhados. E, finalmente, vou definir o que nossos aliados podem esperar dos Estados Unidos e o que, por nossa vez, esperamos de nossos aliados.

Inicia-se identificando as ameaças mais urgentes que enfrentamos hoje.

A meu ver, existem três categorias.

A primeira são ameaças militares de outros países. Vemos isso nos esforços da China visando ameaçar a liberdade de navegação, militarizar o Mar do Sul da China, visar países em todo o Indo-Pacífico com capacidades militares cada vez mais sofisticadas. As ambições militares de Pequim estão crescendo a cada ano. Juntamente com as realidades da tecnologia moderna, os desafios que antes pareciam a meio mundo de distância não são mais remotos. Também vemos isso nas novas capacidades e estratégias militares que a Rússia desenvolveu para desafiar nossas alianças e minar a ordem baseada em regras que garante nossa segurança coletiva. Isso inclui a agressão de Moscou no leste da Ucrânia; seu aumento de forças, exercícios em grande escala e atos de intimidação no Báltico e no Mar Negro, no Mediterrâneo Oriental, no Extremo Norte; sua modernização das capacidades nucleares; e seu uso de armas químicas contra críticos em solo da Otan.

E além da China e da Rússia, atores regionais como o Irã e a Coreia do Norte estão buscando capacidades nucleares e de mísseis que ameaçam aliados e parceiros dos EUA.

A segunda categoria são as ameaças não militares de muitos desses mesmos países — táticas tecnológicas, econômicas e informativas que ameaçam nossa segurança. Isso inclui o uso de campanhas de desinformação e o uso da corrupção como arma com o objetivo de alimentar a desconfiança em nossas democracias e ataques cibernéticos que visam nossa infraestrutura crítica e roubam propriedade intelectual. Desde a gritante coerção econômica da China sobre a Austrália ao uso da desinformação pela Rússia para erodir a confiança nas eleições e em vacinas seguras e eficazes — essas ações agressivas ameaçam não apenas nossos países individualmente, mas também nossos valores compartilhados.

E a terceira categoria são as crises globais como as mudanças climáticas e a Covid-19. Essas não são ameaças representadas por governos específicos — são globais. Temperaturas mais altas, aumento do nível do mar e tempestades mais intensas afetam tudo, desde a prontidão militar até padrões de migração humana e segurança alimentar. Como a pandemia da Covid-19 deixou bastante claro, nossa segurança sanitária está interligada e é tão forte quanto nosso elo mais fraco.

Também enfrentamos terrorismo global, que muitas vezes permeia essas categorias. Embora tenhamos degradado significativamente a ameaça do terrorismo, ela permanece significativa, especialmente quando grupos e indivíduos desfrutam do apoio e do abrigo de governos ou encontram refúgios em espaços sem governo.

Pois bem, muitas dessas ameaças nós não tínhamos em mente quando nossas alianças foram formadas. Algumas nem existiam. Mas essa é a grande força de nossas alianças: elas foram construídas a fim de se adaptar — de continuar evoluindo conforme novos desafios surgem.

Então, aqui está como podemos adaptá-las hoje.

Primeiro, devemos nos comprometer novamente com nossas alianças — e com os valores compartilhados que as sustentam.

Quando os Estados Unidos foram atacados em 11 de setembro, nossos Aliados da Otan invocaram imediata e unanimemente o Artigo 5 — um ataque a um é um ataque a todos. Essa ainda é a única vez na história em que o Artigo 5 foi invocado — e foi para proteger os Estados Unidos. Nós nunca esqueceremos. E nossos aliados podem esperar o mesmo de nós hoje. Como disse o presidente Biden na Conferência de Segurança de Munique no mês passado, vocês têm nosso voto inabalável: os Estados Unidos estão totalmente comprometidos com a Otan, incluindo o Artigo 5.

Essa é uma promessa que reafirmei a nossos aliados na Otan esta semana.

E o secretário de Defesa, Austin, e eu expressamos o mesmo compromisso com nossos aliados no Japão e na Coreia do Sul, onde recentemente concluímos negociações sobre acordos de divisão de fardos que ajudarão a manter a paz e a prosperidade em um Indo-Pacífico livre e aberto nos próximos anos.

Nossas alianças foram criadas para defender valores compartilhados. Portanto, renovar nosso compromisso requer reafirmar aqueles valores e a base das relações internacionais que juramos proteger: uma ordem livre e aberta baseada em regras. Temos muito trabalho nessa frente. Praticamente todas as democracias do mundo estão enfrentando desafios agora — incluindo os Estados Unidos. Estamos lutando contra profundas desigualdades, racismo sistêmico, polarização política, cada uma das quais torna nossa democracia menos resiliente.

Cabe a todos nós mostrar o que sempre foi a maior força do sistema — nossos cidadãos e a fé que depositamos neles para melhorar nossas sociedades e instituições. A maior ameaça às nossas democracias não é que elas sejam imperfeitas — sempre foram. A maior ameaça é que nossos cidadãos percam a confiança na capacidade da democracia de consertar essas falhas — de cumprir nosso compromisso fundamental de formar uma união mais perfeita. O que separa as democracias das autocracias é nossa capacidade e vontade de confrontar abertamente nossas próprias deficiências — não fingir que não existem, ignorá-las, varrê-las para debaixo do tapete.

Temos também de nos ater aos valores que estão no cerne de nossas alianças — a fim de confrontar a recessão democrática ao redor do mundo. Todos devemos nos manifestar quando países se afastam da democracia e dos direitos humanos. É isso que democracias fazem: lidamos com desafios abertamente. E também devemos ajudar esses países a voltar na direção certa, fortalecendo as proteções da democracia — como uma imprensa livre e independente; órgãos anticorrupção; e instituições que protegem o Estado de Direito.

Isso também significa nos comprometer novamente com nossas alianças.

Em segundo lugar, devemos modernizar nossas alianças.

Isso começa com o aprimoramento de nossas capacidades e prontidão militares, a fim de garantir a manutenção de uma dissuasão militar forte e confiável. Por exemplo, devemos garantir que nossa dissuasão nuclear estratégica permaneça segura, protegida e eficaz, especialmente à luz da modernização da Rússia. Isso é fundamental para manter nossos compromissos com nossos aliados fortes e confiáveis, mesmo enquanto tomamos medidas para reduzir ainda mais o papel das armas nucleares em nossa segurança nacional. Também trabalharemos com nossos aliados do Indo-Pacífico visando resolver uma ampla gama de desafios de segurança complexos na região.

Temos de ampliar nossa capacidade de enfrentar ameaças nos domínios econômico, tecnológico e informativo. E não podemos apenas jogar na defesa — devemos adotar uma abordagem afirmativa.

Temos visto como Pequim e Moscou estão usando cada vez mais o acesso a recursos, mercados e tecnologias essenciais com o intuito de pressionar nossos aliados e criar barreiras entre nós. Claro, a decisão de cada Estado é própria. Mas não devemos separar a coerção econômica de outras formas de pressão. Quando um de nós é coagido, devemos reagir como aliados e trabalhar juntos para reduzir nossa vulnerabilidade, garantindo que nossas economias sejam mais integradas entre si do que com nossos principais concorrentes. Isso significa nos unirmos para desenvolver inovações de ponta; garantir que nossas cadeias de suprimentos sensíveis sejam resilientes; definir normas e padrões que regerão as tecnologias emergentes, e impor custos àqueles que violarem as regras. A história nos diz que, quando o fizermos, mais países optarão pelos espaços abertos e seguros que construímos juntos.

E devemos expandir nossa capacidade de enfrentar as ameaças transnacionais — especialmente as mudanças climáticas e pandemias como a Covid-19. Esses desafios são tão vastos — e as medidas necessárias para enfrentá-los de tão longo alcance — que enfrentá-los deve ser integrado a praticamente tudo o que fazemos e coordenado por uma ampla gama de parceiros.

Em terceiro lugar, devemos criar coalizões mais amplas de aliados e parceiros.

Muitas vezes, colocamos nossas alianças e parcerias em silos. Não fazemos o suficiente para uni-las. Mas devemos. Porque quanto mais países com forças e capacidades complementares puderem se unir para alcançar objetivos comuns, melhor.

Essa é a ideia por trás do grupo de países que chamamos de “Quad” — Austrália, Índia, Japão e Estados Unidos. O presidente Biden organizou recentemente a primeira cúpula de líderes do Quad. Compartilhamos a visão de uma região do Indo-Pacífico livre, aberta, inclusiva e saudável, sem restrições de coerção e ancorada em valores democráticos. Nós somos uma boa equipe. E nossa cooperação fortalecerá os esforços paralelos que visam garantir a segurança nos Mares do Leste e do Sul da China e a fim de expandir a produção de vacinas seguras, acessíveis e eficazes, e o acesso equitativo.

O aprofundamento da cooperação entre a Otan e a União Europeia é outro exemplo. Uma maior colaboração em questões como segurança cibernética, segurança energética, segurança sanitária e proteção de infraestrutura crucial ajudará a construir nossa resiliência e prontidão contra as ameaças atuais. Também nos torna mais fortes quando defendemos nossos valores.

Considerem as sanções que os Estados Unidos acabaram de impor, em consenso, com o Canadá, a União Europeia e o Reino Unido a pessoas físicas envolvidas nas atrocidades cometidas contra uigures em Xinjiang. As sanções retaliatórias que a China então impôs a membros do Parlamento Europeu e do Comitê Político e de Segurança da UE, e a acadêmicos e think tanks de políticas públicas tornam ainda mais importante que permaneçamos firmes e unidos, ou então corremos o risco de enviar a mensagem de que o bullying funciona. Isso inclui ficar ao lado de nossos parceiros que não pertencem à Otan na Europa, muitos dos quais continuam a permanecer firmes conosco na linha de frente da Aliança.

E vamos olhar para além dos governos nacionais e focar em setor privado, sociedade civil, filantropos, cidades e universidades. A cooperação diversificada e ampla é essencial para proteger os bens comuns globais — aqueles recursos que todas as pessoas têm o direito de compartilhar e se beneficiar, e que agora estão sendo usurpados por nossos adversários.

Considere o 5G, onde a tecnologia da China impõe sérios riscos de vigilância. Devemos reunir empresas de tecnologia de países como Suécia, Finlândia, Coreia do Sul, Estados Unidos e usar investimentos públicos e privados para promover uma alternativa segura e confiável. Passamos décadas desenvolvendo relações com países que compartilham nossos valores em todas as partes do globo. É por isso que investimos tanto nessas parcerias — para que possamos nos unir de maneiras inovadoras visando resolver novos desafios como esses.

Para qualquer um que duvide do que podemos alcançar quando trabalhamos juntos desta forma, gostaria de apontar a cooperação sem precedentes de cientistas que compartilharam centenas de sequências do genoma viral para além-fronteiras e instituições — pesquisas que foram indispensáveis ​​para a descoberta de várias vacinas contra a Covid-19 em tempo recorde. A primeira dessas vacinas a ser aprovada pela Organização Mundial de Saúde foi criada por um médico nascido na Turquia, que cresceu na Alemanha e foi cofundador de uma empresa farmacêutica europeia que se associou a uma empresa americana para produzir a vacina.

Ora, os aliados e parceiros dos Estados Unidos podem estar ouvindo minhas palavras hoje e dizendo: “Precisamos saber o que podemos esperar de vocês.” Porque, como eu disse, a confiança foi abalada até certo ponto nos últimos anos.

Portanto, permitam-me ser claro sobre o que os Estados Unidos podem prometer a nossos aliados e parceiros.

Quando nossos aliados assumirem sua parte justa do fardo, eles vão razoavelmente esperar poder opinar de maneira justa nas decisões. Honraremos isso. E começa com consultar nossos amigos antecipadamente e com frequência. Essa é uma parte fundamental na política externa do governo Biden-Harris, e é uma mudança que nossos aliados já veem e apreciam.

Trataremos os esforços de nossos aliados para desenvolver maior capacidade estratégica como um ativo, não uma ameaça. Aliados mais fortes criam alianças mais fortes. E, à medida que os EUA desenvolvem nossas capacidades visando enfrentar as ameaças que descrevi hoje, vamos nos certificar de que permaneçam compatíveis com nossas alianças — e que contribuam para fortalecer a segurança de nossos aliados. Em troca, pediremos o mesmo a nossos aliados.

Os Estados Unidos não forçarão nossos aliados a escolherem “nós ou eles” com a China. Não há dúvida de que o comportamento coercitivo de Pequim ameaça nossa segurança e prosperidade coletivas, e que está trabalhando ativamente para minar as regras do sistema internacional e os valores que nós e nossos aliados compartilhamos. Mas isso não significa que os países não possam trabalhar com a China sempre que possível, por exemplo, em desafios como as mudanças climáticas e a segurança sanitária.

Sabemos que nossos aliados têm relações complexas com a China que nem sempre se alinham perfeitamente. Mas precisamos enfrentar esses desafios juntos. Isso significa trabalhar com nossos aliados para preencher as lacunas em áreas como tecnologia e infraestrutura, que Pequim está explorando a fim de exercer pressão coercitiva. Contaremos com inovação, não com ultimatos. Porque se trabalharmos juntos para tornarmos real nossa visão positiva em favor de uma ordem internacional — se defendermos o sistema livre e aberto que sabemos que oferece as melhores condições para a engenhosidade, a dignidade e a conexão humanas — estamos confiantes de que podemos superar a China em quaisquer condições.

Sempre vamos reforçar nossa posição, mas também vamos reconhecer quando nossos aliados estão reforçando a deles. Permitam-me ser franco: essa sempre foi uma questão polêmica, especialmente em relações transatlânticas. Reconhecemos o progresso significativo que muitos dos nossos aliados da Otan têm feito na melhoria dos investimentos em defesa, incluindo progresso no sentido de cumprir o compromisso do País de Gales de gastar 2% do PIB em despesas de defesa até 2024. A implementação total desses compromissos é crucial. Mas também reconhecemos a necessidade de adotar uma visão mais holística da divisão do fardo. Nenhum número capta totalmente a contribuição de um país para a defesa de nossa segurança e interesses coletivos, especialmente em um mundo onde um número crescente de ameaças não pode ser confrontado com a força militar. Devemos reconhecer que, como os aliados têm capacidades e forças comparativas distintas, eles vão assumir sua parte do fardo de maneiras diferentes. Pois bem, isso não significa abandonar as metas que estabelecemos para nós mesmos ou fazer menos. Na verdade, as ameaças comuns que enfrentamos exigem que façamos mais.

Precisamos ser capazes de ter essas conversas difíceis — e até mesmo discordar — enquanto ainda tratamos uns aos outros com respeito. Com muita frequência, nos últimos anos, nós, nos Estados Unidos, parecemos ter esquecido quem são nossos amigos. Isso já mudou.

Os Estados Unidos serão criteriosos quanto ao uso do poder, principalmente nosso poder militar, como meio de lidar com conflitos no exterior. Evitaremos desequilíbrios entre nossas ambições baseadas em princípios e os riscos que estamos dispostos a correr para alcançá-las, em grande parte porque quando estamos sobrecarregados, dificultamos nossa capacidade de nos concentrar em outros desafios que podem ter o maior impacto na vida do povo americano.

Finalmente, alguns de nossos aliados estão se perguntando se nosso compromisso com a segurança deles é duradouro. Eles nos ouvem dizer “os Estados Unidos estão de volta” e nos perguntam — por quanto tempo?

É uma pergunta justa. Aqui está minha resposta.

Há uma razão pela qual a grande maioria do povo americano — de ambos os partidos políticos — apoia nossas alianças, mesmo que as pessoas estejam divididas ao longo de linhas partidárias em muitas outras questões. É a mesma razão pela qual republicanos e democratas no Congresso têm garantido sistematicamente a nossos aliados que nossos compromissos são resolutos. É porque vemos nossas alianças não como um fardo, mas como uma forma de obter a ajuda de outras pessoas visando moldar um mundo que reflete nossos interesses e nossos valores.

Mas, a fim de manter esse apoio forte, nós, que temos o privilégio de representar os Estados Unidos no cenário mundial, temos de garantir que nossas alianças resultem em benefício ao povo americano. Não podemos perder isso de vista.

Devemos demonstrar não apenas aquilo contra o que nossas alianças nos defendem, mas também o que elas representam, como o direito que todas as pessoas em todos os lugares têm de serem tratadas com dignidade e terem suas liberdades fundamentais respeitadas. Só porque fazemos nossa política externa refletir o mundo como ele é, não significa que devemos desistir de moldar o mundo como ele deve ser — um mundo que é mais seguro, mais pacífico, mais justo, mais equitativo, um mundo com mais saúde, democracias mais fortes e mais oportunidades para mais pessoas.

Em suma, precisamos ter uma visão positiva que possa unir as pessoas em torno de uma causa comum. Isso é algo que nossos adversários não podem oferecer. E é um de nossos maiores trunfos.

É aqui que nosso interesse em sermos aliados de confiança está ligado ao cumprimento das necessidades de nossos cidadãos. Não podemos construir uma política externa que atenda ao povo americano sem manter alianças eficazes. E não podemos sustentar alianças eficazes sem mostrar como elas são úteis ao povo americano.

Há setenta anos, um soldado do Exército dos EUA em treinamento em Fort Dix, Nova Jersey, enviou uma carta a Dwight D. Eisenhower, que servia então como o primeiro comandante supremo das Forças Aliadas na Europa. Em sua carta, o soldado perguntou a Eisenhower se havia algo mais em seu serviço do que — abre aspas — “matar ou ser morto” — fecha aspas.

Eisenhower era um realista experiente. Ele havia visto de perto a devastação da guerra. Ele estava ciente das consequências de vida ou morte de colocar vidas americanas em risco para defender nossos aliados. No entanto, ele ainda acreditava, como respondeu em uma carta àquele soldado, que — abre aspas — “Os verdadeiros objetivos humanos compreendem algo muito mais rico e construtivo do que a mera sobrevivência dos fortes.” — fecha aspas.

Os Estados Unidos e seus aliados, escreveu ele, tiveram de trabalhar juntos para construir um sistema enraizado em valores compartilhados. E essas palavras não eram tão diferentes dos valores que orientavam nossa vida cotidiana nos Estados Unidos — como Eisenhower disse: “Tentar resolver com decência, imparcialidade e justiça a quantidade enorme de problemas que constantemente se impõem a nós”. Isso não significa tentar resolver todos os problemas do mundo. Em vez disso, significa que, quando devemos resolver um problema, não perdemos de vista nossos valores, que são simultaneamente uma fonte de nossa força e humildade. Eisenhower disse ao soldado que esperava que suas palavras proporcionassem “um pouco de otimismo e fé”.

Pois bem, Eisenhower não poderia ter imaginado muitos dos desafios que enfrentamos hoje. Mas ele sabia que quaisquer que fossem as novas ameaças que surgissem, gostaríamos de enfrentá-las com parceiros que compartilhassem nossos valores.

O ano passado foi um dos períodos mais desafiadores da história de nossas nações, e ainda não saímos da crise — mesmo que vejamos motivos reais para ter esperança. Mas nossa cooperação com aliados e parceiros nos proporciona mais do que um pouco de otimismo e fé. Mostra-nos o caminho a seguir: juntos, enraizados nos nossos valores partilhados e empenhados não apenas em reconstruir nossas alianças e parcerias, mas também em reconstruí-las melhor. Se fizermos isso, não haverá desafios que não podemos e não vamos superar. Muito obrigado.


Veja o conteúdo original: https://www.state.gov/reaffirming-and-reimagining-americas-alliances/

Esta tradução é fornecida como cortesia e apenas o texto original em inglês deve ser considerado oficial.

U.S. Department of State

The Lessons of 1989: Freedom and Our Future