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Departamento de Estado dos Estados Unidos
Gabinete do Porta-Voz
Pronunciamento
21 de janeiro de 2022

Hotel Intercontinental
Genebra, Suíça

SECRETÁRIO BLINKEN:  Boa tarde. O Ministro das Relações Exteriores Lavrov e eu encerramos nossa reunião há pouco tempo e, em primeiro lugar, gostaria de agradecer à Suíça por nos receber com sua tradicional hospitalidade, que é muito apreciada.

Vim a Genebra acompanhando as discussões da semana passada no Diálogo de Estabilidade Estratégica EUA-Rússia, no Conselho OTAN-Rússia e na OSCE sobre a crise na Ucrânia e questões de segurança europeias mais amplas. Nosso objetivo era determinar se a Rússia está preparada para seguir o caminho diplomático, se serão necessárias outras medidas para desescalar a situação na Ucrânia e, em última análise, como resolver nossas diferenças através da diplomacia e do diálogo.

A discussão de hoje com o ministro Lavrov foi franca e substancial. Transmiti a posição dos Estados Unidos e de nossos aliados e parceiros europeus de que estamos firmemente ao lado da Ucrânia em apoio à sua soberania e integridade territorial. Fomos claros: se alguma força militar russa atravessar a fronteira da Ucrânia, isso será considerado uma nova invasão. Serão recebidos com uma resposta rápida, severa e unida dos Estados Unidos e de nossos parceiros e aliados.

Também sabemos por experiência que a Rússia tem uma extensa cartilha de agressão sem ação militar, incluindo ataques cibernéticos, táticas paramilitares e outros meios de promover seus interesses de forma agressiva, sem usar abertamente a ação militar. Esses tipos de agressão russa também serão recebidos com uma resposta decisiva, calibrada e, novamente, unida.

Essa é a mensagem clara que sai de minhas reuniões na quarta-feira na Ucrânia com o presidente Zelenskyy e o ministro das Relações Exteriores Kuleba; ontem na Alemanha com os meus homólogos da Alemanha, Reino Unido, França e União Europeia; e com o chanceler alemão Scholz. Estamos unidos em nosso compromisso de encontrar um caminho a seguir por meio da diplomacia e do diálogo, mas igualmente em nossa determinação de impor consequências massivas caso a Rússia escolha o caminho do confronto e do conflito.

Voltei a manifestar ao Ministro Lavrov que, em relação às preocupações de segurança que a Rússia levantou nas últimas semanas, os Estados Unidos e os nossos aliados e parceiros europeus estão dispostos a procurar meios possíveis para os abordar num espírito de reciprocidade, o que significa, de forma simples, que a Rússia também deve abordar nossas preocupações. Há vários passos que podemos tomar – todos nós, inclusive a Rússia – para aumentar a transparência, reduzir riscos, avançar no controle de armas e construir confiança.

Transmiti diretamente ao ministro Lavrov nossas preocupações específicas com as ações da Rússia que desafiam ou prejudicam a paz e a segurança não apenas na Ucrânia, mas em toda a Europa e, de fato, no mundo. Também apresentei várias ideias para reduzir as tensões e aumentar a segurança que desenvolvemos em consulta com nossos parceiros e aliados e onde acreditamos que podemos encontrar um terreno comum, novamente, com base no princípio da reciprocidade.

Esta não foi uma negociação, mas uma troca sincera de preocupações e ideias. Deixei claro para o ministro Lavrov que existem certas questões e princípios fundamentais que os Estados Unidos e nossos parceiros e aliados estão comprometidos a defender. Isso inclui aqueles que impediriam o direito soberano do povo ucraniano de escrever seu próprio futuro. Não há espaço para trocas – nenhum.

O ministro das Relações Exteriores Lavrov e eu também conversamos sobre o caminho a seguir. Deixe-me dizer também que ele ouviu de nós e de mim que o que é para nós uma regra inviolável: nada sobre a Ucrânia sem a Ucrânia, nada sobre a OTAN sem a OTAN, nada sobre a Europa sem Europa. Com base em nossa discussão, acredito que podemos levar adiante esse trabalho de desenvolver juntos acordos de entendimento que garantam nossa segurança mútua, mas isso depende de a Rússia interromper sua agressão contra a Ucrânia.

Então essa é a escolha que a Rússia enfrenta agora. Pode escolher o caminho da diplomacia que poderá levar à paz e à segurança ou o caminho que levará apenas ao conflito, consequências graves e condenação internacional. Os Estados Unidos e nossos aliados e parceiros na Europa estão prontos para enfrentar a Rússia em qualquer caminho, e continuaremos ao lado da Ucrânia.

Acredito que o ministro das Relações Exteriores Lavrov agora tenha uma melhor compreensão de nossa posição e vice-versa. A discussão de hoje foi útil nesse sentido, e é justamente por isso que nos encontramos.

Então, voltarei a Washington esta tarde para consultar o presidente Biden e toda a nossa equipe de segurança nacional, assim como membros do Congresso e, essencialmente, aliados e parceiros nos próximos dias. Com base nas discussões de hoje, o ministro das Relações Exteriores Lavrov e eu concordamos que é importante que o processo diplomático continue. Eu disse a ele que, após as consultas que teremos nos próximos dias com aliados e parceiros, prevemos que poderemos compartilhar com a Rússia nossas preocupações e ideias com mais detalhes e por escrito na próxima semana. E nós concordamos em ter mais discussões depois disso. Concordamos também que mais discussões diplomáticas seriam o caminho a seguir, mas, novamente, cabe à Rússia decidir qual caminho ela quer seguir.

Devo mencionar também que o ministro das Relações Exteriores e eu tivemos a oportunidade de discutir a situação do Irã, um exemplo de como os Estados Unidos e a Rússia podem trabalhar juntos em questões de segurança de interesse comum. As conversações com o Irã sobre um retorno mútuo ao cumprimento do JCPOA chegaram a um momento decisivo. Se um acordo não for alcançado nas próximas semanas, os avanços nucleares do Irã em andamento tornarão impossível retornar ao JCPOA.

Mas, no momento, ainda há uma janela, breve, para levar essas conversações a uma conclusão bem-sucedida e abordar as preocupações restantes de todos os lados. Não esperávamos grandes avanços hoje, mas acredito que agora estamos em um caminho mais claro em termos de entender as preocupações e as posições uns dos outros. Vamos ver o que os próximos dias trazem.

E com isso, fico feliz em responder às suas perguntas.

SR PRICE:  Andrea Mitchell.

PERGUNTA:  Obrigada. Obrigada, Sr. Secretário. Lavrov falou hoje sobre retórica histérica, o que ele chama de retórica histérica do Ocidente sobre uma invasão, segundo ele, para provocar a Ucrânia. E o presidente Biden disse que, com o que aconteceu até agora, acredita que Putin se mexerá, porque precisa fazer alguma coisa.

Então, o senhor acha que, a partir de hoje, tem uma melhor compreensão, a partir do que disse o Sr. Lavrov, em primeiro lugar, sobre quais são as intenções de Putin? Tem alguma promessa de que eles vão parar a agressão que, segundo o senhor, estaria impedindo qualquer acordo positivo?

Ele diz que vocês vão apresentar respostas por escrito, o que o senhor acabou de confirmar, mas ele quer que sejam respostas para as propostas originais deles, que o senhor e todos no governo disseram desde o início que não são um bom começo, as propostas para limitar a expansão da OTAN. Então, suas respostas escritas terão alguma resposta sobre a expansão da OTAN, que o senhor acabou de dizer que não é negociável? Onde o senhor vê espaço para qualquer tipo de engajamento para neutralizar essa crise?

E como o senhor – desde que mencionou o Irã, o senhor acha que existe a possibilidade, depois de conversar com o Sr. Lavrov, que vocês e a Rússia – os EUA e a Rússia – e os outros aliados possam conseguir que o Irã concorde em entrar em conformidade? E os EUA concordarão em suspender as sanções talvez simultaneamente? Muito obrigada.

SECRETÁRIO BLINKEN: Muito obrigado, Andrea. Primeiro, não estamos agindo com base na emoção. Estamos agindo com base nos fatos e na história. Os fatos são que a Rússia acumulou forças muito significativas na fronteira com a Ucrânia e continua fazendo isso – 100.000 soldados mais recentemente, incluindo forças destacadas da Bielorrússia que dariam à Rússia a capacidade, se o presidente Putin quiser, de atacar a Ucrânia a partir do sul, do leste e do norte. E vimos planos para realizar uma variedade de ações desestabilizadoras, algumas delas sem uso excessivo de força, para desestabilizar a Ucrânia, derrubar o governo, uma variedade de coisas.

Então, como eu disse, isso não é baseado na emoção. É com base em fatos e também na história. A Rússia invadiu a Ucrânia em 2014, tomando a Crimeia, provocando um conflito contínuo no leste da Ucrânia, o Donbas, mudando as fronteiras da Ucrânia pela força. É isso que estamos olhando. Ouvimos autoridades russas dizerem que não têm intenção de invadir a Ucrânia. Na verdade, o ministro Lavrov repetiu isso para mim hoje. Mas, novamente, estamos olhando para o que é visível para todos, e são atos e ações, não palavras que fazem a diferença. Sugeri ao ministro Lavrov, como temos feito repetidamente, que, se a Rússia quiser começar a convencer o mundo de que não tem intenção agressiva em relação à Ucrânia, um bom ponto de partida seria desescalando, trazendo de volta, removendo suas forças das fronteiras da Ucrânia, assim como a diplomacia e o diálogo, que foi o que fizemos hoje e o que pretendemos continuar a fazer nos próximos dias e semanas.

Dissemos o tempo todo que pretendíamos não apenas responder às preocupações que a Rússia levantou, mas compartilhar nossas próprias preocupações, que são muitas, sobre as ações que a Rússia toma e que vemos como uma ameaça à segurança na Europa e além. E por isso foi importante no decorrer das conversas que tivemos hoje, Andrea, ambas na semana passada no Diálogo de Estabilidade Estratégica entre os Estados Unidos e a Rússia e no Conselho OTAN-Rússia, na OSCE, garantir que entendíamos completamente as posições um do outro, as preocupações um do outro.

Depois disso e depois de consultar muito intensamente aliados e parceiros, o presidente Biden queria que eu tivesse essa oportunidade, após digerir o que ouvimos na última semana – e presumo que os russos também tiveram a oportunidade de discutir o que ouviram inicialmente de nós com o presidente Putin –, de entender onde estamos diretamente do Ministro das Relações Exteriores Lavrov, para determinar se existe um caminho a seguir para o diálogo e a diplomacia, e depois ver como o seguiremos. E, novamente, o que foi acordado hoje, foi que compartilharemos com a Rússia uma resposta às preocupações levantadas por eles e às nossas próprias preocupações, e colocaremos algumas ideias na mesa para consideração. E, então, planejamos nos encontrar novamente com eles depois que a Rússia tiver a oportunidade de ler essas respostas e decidiremos para onde vamos a partir daí.

Mas deixe-me também ser claro sobre isso: na medida em que a Rússia está engajada agora com a diplomacia, mas, ao mesmo tempo, continua tomando medidas de escalada, aumentando suas forças nas fronteiras da Ucrânia e planejando ações agressivas contra a Ucrânia, nós e todos os nossos aliados e parceiros estamos igualmente comprometidos em garantir que faremos todo o possível para deixar claro para a Rússia que haverá, como eu disse, uma resposta rápida, severa e unida a qualquer forma de agressão da Rússia dirigida à Ucrânia.

Por fim, deixe-me dizer o seguinte: com base na conversa de hoje, Andrea, veja, acredito que existem áreas em que, de forma recíproca, podemos abordar algumas das preocupações uns dos outros. E eles vão para coisas como maior transparência em nossas atividades militares, várias medidas de redução de risco, controle de armas e outras formas de construir confiança que eu acho que abordariam algumas das preocupações que a Rússia expressou, assim como as muitas preocupações que nós temos.

Mas é muito importante ser igualmente claro sobre as coisas que não faremos, e uma delas é que não voltaremos atrás nos princípios fundamentais que temos e que estamos comprometidos a defender. E um deles é a abertura da OTAN e a inclusão de outros, como falei nos últimos dias e semanas, nosso compromisso com o princípio de que uma nação não pode simplesmente violar e mudar a fronteira de outro país pela força, que não pode se propor a ditar a outro país suas escolhas, suas políticas, com quem deve se associar, e que não pode exercer uma esfera de influência que subjugue seus vizinhos à sua vontade. Não vamos questionar nenhum desses princípios, e acho que a Rússia entende isso muito bem.

Então, novamente, com base nas conversas que tivemos – as extensas conversas na semana passada e hoje aqui em Genebra, acho que há motivos e meios para abordar algumas das preocupações mútuas que temos sobre segurança. Veremos se isso se confirma. Enquanto isso, continuaremos a nos preparar resolutamente para os dois caminhos que traçamos para a Rússia: o caminho da diplomacia e do diálogo ou o caminho da agressão, confronto e consequências renovadas.

SR PRICE:  Michael Crowley.

PERGUNTA:  E seu —

SR PRICE:  Perdão, Andrea. Temos um tempo muito limitado.  Michael Crowley.

PERGUNTA:  E seu – a pergunta sobre o Irã, senhor —

SECRETÁRIO BLINKEN:  Oh, desculpe-me, eu – (inaudível) para resolver isso. Então, sobre o Irã, devo dizer que a Rússia compartilha nosso senso de urgência, a necessidade de ver se podemos voltar à conformidade mútua nas próximas semanas. E esperamos que a Rússia use a influência que tem e o relacionamento que tem com o Irã para transmitir ao Irã esse senso de urgência e, igualmente, que, se não pudermos fazer isso porque o Irã se recusa a assumir as obrigações necessárias, seguiremos um caminho diferente para lidar com o perigo representado pelo programa nuclear renovado do Irã, um programa que foi colocado em uma caixa pelo acordo que havíamos alcançado no passado, o JCPOA, e que infelizmente agora escapou dessa caixa porque deixamos o acordo e o Irã reiniciou seu programa perigoso.

SR PRICE:  Michael.

PERGUNTA: Obrigado, Secretário Blinken. Após quatro reuniões bastante inconclusivas entre diplomatas americanos e russos, esse processo precisa passar para o nível presidencial para um avanço? O presidente Biden precisa falar com o presidente Putin para que haja realmente algum progresso?

E uma segunda pergunta, se me permite: em Berlim, o senhor delineou os riscos desta crise, incluindo a segurança – a inviolabilidade das fronteiras e os princípios governantes da paz e da segurança internacionais. No entanto, o presidente Biden há várias semanas disse que o uso da força militar americana está fora de questão nessa situação. Embora eu tenha certeza de que isso faz sentido intuitivo para muitos americanos por todos os tipos de razões, eu me pergunto se o senhor poderia apenas expor explicitamente o motivo pelo qual isso foi retirado da mesa. E o senhor acredita que a declaração do Presidente ainda se aplicaria mesmo se a Rússia invadisse a Ucrânia? Obrigado.

SECRETÁRIO BLINKEN:  Primeiro, na segunda parte da pergunta, deixamos claro e fizemos uma série de coisas em apoio e defesa da Ucrânia que continuarão. Em primeiro lugar, trabalhamos em estreita coordenação com aliados e parceiros para desenvolver e esclarecer à Rússia as consequências de uma nova agressão contra a Ucrânia. E esse é um componente importante para deter e dissuadir a Rússia de se engajar nesse curso.

Ao mesmo tempo, continuamos a fornecer à Ucrânia uma assistência militar defensiva significativa – na verdade, somente neste ano, mais do que em qualquer outro momento desde 2014. Isso continua. Aliados e parceiros estão fazendo o mesmo. E, finalmente, trabalhamos muito de perto com aliados e parceiros para começar a planejar o reforço da própria OTAN em seu flanco leste no caso de mais agressão russa contra a Ucrânia. Tudo isso para deixar claro para a Rússia os custos e as consequências de suas ações potenciais.

Achamos que essa é a melhor e mais eficaz maneira de convencer a Rússia a não se envolver em mais agressões contra a Ucrânia. A Ucrânia é um parceiro muito valioso dos Estados Unidos e de outros países da Europa também, mas nosso compromisso do Artigo 5 se estende aos Aliados da OTAN, algo com o qual estamos profundamente comprometidos. A Ucrânia não é membro da OTAN e não está coberta pelo compromisso do Artigo 5, mas há uma determinação de fazer tudo o que pudermos para defendê-la e prevenir ou impedir agressões dirigidas a ela. E, como eu disse, continuaremos todos esses esforços nos próximos dias e semanas, mesmo enquanto testamos se o caminho para uma resolução diplomática é possível.

 

 

 

 

 

E, desculpe, qual era a primeira parte da pergunta?

PERGUNTA: Um diálogo entre os presidentes para movimentar o processo mais rápido do que tem sido (inaudível).

SECRETÁRIO BLINKEN: Ah, sim, obrigado. O que concordamos hoje é que compartilharemos por escrito na próxima semana nossas ideias, nossa resposta às preocupações que a Rússia levantou, preocupações que temos e que compartilharemos, novamente, por escrito com a Rússia. Pretendemos, com base na conversa de hoje, com base nesse documento, bem como no documento que recebemos da Rússia, ter conversas de acompanhamento depois disso – inicialmente, pelo menos no nível de ministros das Relações Exteriores. E se for útil e produtivo para os dois presidentes se encontrarem, conversarem, se engajarem para tentar levar as coisas adiante, acho que estamos totalmente preparados para isso. O presidente Biden se encontrou aqui em Genebra com o presidente Putin. Eles conversaram por telefone ou por videoconferência em várias ocasiões. E se concluirmos e os russos concluírem que a melhor maneira de resolver as coisas é através de uma nova conversa entre eles, certamente estamos preparados para isso.

SR PRICE: Ben Hall.

PERGUNTA: Sr. Secretário, obrigado. Eu estava me perguntando se – à medida que vocês continuam voltando para mais diálogo, mais conversas com os russos, eles continuam agindo. Eles continuam a aumentar as tropas; eles continuam a desestabilizar a Ucrânia. Economicamente, a Ucrânia está enfrentando uma série de dificuldades. Vocês reconheceriam o dano que eles já causaram apenas através de ações agressivas e, por sua vez, por que você não consideraria sanções neste momento? Há apoio bipartidário para eles nos EUA; A Ucrânia pediu por elas. Por que não?

E então uma segunda pergunta: o senhor disse uma ou duas vezes que os pretextos que a Rússia dá para a agressão são falsos, não há base de fato. Estou curioso para saber se – o ministro das Relações Exteriores Lavrov senta-se à sua frente, olha nos seus olhos e diz efetivamente – e conta mentiras na sua cara. Se sim, por que contentá-los com uma resposta? Por que contentá-los com uma resposta por escrito na próxima semana, se é esse o caso?

SECRETÁRIO BLINKEN: Obrigado, Ben. Primeiro, novamente, não estamos esperando para agir e combater a Rússia. Como eu disse há pouco, nos comprometemos a dar mais assistência de segurança à Ucrânia no ano passado – acho que algo como US$ 650 milhões – do que em qualquer outra época desde 2014, quando a Rússia invadiu a Ucrânia. Continuamos a fornecer essa assistência. Temos entregas adicionais que estão programadas para as próximas semanas.

Como observei também, estamos envolvidos em extensa diplomacia em todo o mundo, reunindo aliados e parceiros diante da agressão russa contra a Ucrânia. Ontem, anunciamos ações contra agentes de influência russa que atuam na Ucrânia e buscam desestabilizar o país. E, novamente, como eu disse, deixamos claro para a Rússia que eles enfrentariam custos rápidos e severos para sua economia se avançassem com uma nova invasão da Ucrânia, assim como o reforço da OTAN ao longo de seu flanco leste.

Envolvemo-nos na diplomacia e no diálogo; esse é o meu trabalho. Mas, ao mesmo tempo, estamos embarcados em um caminho de defesa e dissuasão. Essas coisas não são mutuamente inconsistentes – na verdade, elas se reforçam. Então, enquanto estamos falando, se os russos continuam a escalar e se fortalecer, continuamos a fortalecer tudo o que estamos fazendo em termos de assistência que estamos fornecendo à Ucrânia para sua defesa, em termos do trabalho que estamos fazendo na OTAN para nos preparar conforme necessário para reforçar ainda mais a Aliança, e continuando a definir e aprimorar consequências enormes para a Rússia com nossos aliados e parceiros quando se trata de sanções financeiras e econômicas, entre outras.

Então estamos fazendo os dois ao mesmo tempo. Agora, quando se trata das conversas que temos, acho que a interpretação caridosa seria que às vezes nós e a Rússia temos diferentes interpretações da história. E devo dizer que hoje certamente ouvimos coisas das quais discordamos fortemente em termos dessa história, mas, em geral, a conversa não foi polêmica. Foi direta, profissional e, nesse sentido, útil. E é importante testar se podemos, novamente, resolver essas diferenças por meio da diplomacia e do diálogo. Essa é claramente a maneira preferível de fazê-lo, é claramente a maneira responsável de fazê-lo, mas também depende da Rússia.

SR PRICE: Aceitaremos uma pergunta final de Laurent Burkhalter.

PERGUNTA: Obrigado, Sr. Secretário. Laurent Burkhalter, televisão suíça RTS. Eu queria falar sobre as medidas que podem ser tomadas para controlar a situação – o senhor as mencionou – de ambos os lados. Se o senhor puder especificá-las novamente e nos dar uma ideia da linha do tempo, em quanto tempo deve acontecer, o que vem primeiro. E mais, o que o senhor acha que o Kremlin quer nesta situação atual?

SECRETÁRIO BLINKEN: Bem, seria melhor se essa última pergunta fosse endereçada provavelmente ao presidente Putin porque, em certo sentido, só ele realmente sabe. E voltarei a isso em um minuto. Mas, novamente, como eu estava dizendo anteriormente, acho que, ao analisarmos o que a Rússia apresentou, ao ouvirmos o que eles disseram, ao consultarmos intensamente aliados e parceiros, à medida que examinamos nossas próprias preocupações mais profundas de segurança sobre as ações que a Rússia toma – não apenas em relação à Ucrânia, mas em outros lugares e por outros meios na Europa e além –, acho que é justo dizer que existem áreas em que acreditamos que podemos prosseguir com o diálogo e a diplomacia para ver se podemos encontrar formas de abordar as preocupações mútuas de segurança numa base recíproca que melhore a segurança para todos – para nós, para os nossos aliados e parceiros europeus e para a Rússia.

E, novamente, como sugeri anteriormente, transparência, medidas de fortalecimento da confiança, exercícios militares, acordos de controle de armas – tudo isso são coisas que realmente fizemos no passado e que, se tratadas com seriedade, podem reduzir as tensões e resolver algumas das preocupações. Mas, novamente, resta saber se podemos fazer isso de maneira significativa. E aí, novamente, depende, eu acho, do que a Rússia realmente quer. Essa é a pergunta certa.

E aqui está o que é impressionante para mim, e compartilhei isso com o ministro das Relações Exteriores Lavrov hoje. Pedi a ele, do ponto de vista da Rússia, que realmente tentasse explicar para nós como eles veem as medidas que tomaram para avançar seus interesses de segurança declarados e seus interesses estratégicos mais amplos. Porque, como eu disse ao ministro Lavrov, muitas das coisas que eles fizeram nos últimos anos precipitaram praticamente tudo o que ele diz que quer evitar.

Antes de a Rússia invadir a Ucrânia em 2014, tomar a Crimeia e entrar no Donbas, os índices de apoio à Rússia na Ucrânia eram de 70%. Agora são 25% ou 30%. Antes de 2014, antes de eles tomarem a Crimeia e entrarem em Donbass, o apoio na Ucrânia para a adesão à OTAN era de 25% ou 30%. Agora é de 60%. Antes de 2014, continuávamos no caminho de reduzir e, ao mesmo tempo, fortalecer nossas forças na Europa desde o fim da Guerra Fria. Bem, o que aconteceu depois de 2014 é que a OTAN sentiu a obrigação, por causa da agressão russa, de reforçar seu flanco oriental. E desde 2014, nossos esforços ao longo de muitos anos para convencer aliados e parceiros a aumentar os gastos com defesa, bem, isso deu certo, mas devo dizer, tanto por causa da Rússia e das ações que ela tomou quanto por qualquer coisa que fizemos.

Então, com base nos interesses e preocupações estratégicos declarados pela Rússia, como isso – como suas ações avançaram nessas preocupações? Pelo contrário, foi na direção oposta do que a Rússia pretende querer. E agora, se a Rússia renovar sua agressão contra a Ucrânia, o resultado será simplesmente reforçar suas próprias coisas, as próprias tendências com as quais a Rússia expressa preocupação. Então espero que isso seja algo sobre o qual o Sr. Lavrov reflita e que o presidente Putin possa refletir nos próximos dias e semanas. Obrigado.

SR PRICE:  Obrigado, Sr. Secretário.


Veja o conteúdo original: https://www.state.gov/sec retary-antony-j-blinken-at-a-press-availability-12/

Esta tradução é fornecida como cortesia e apenas o texto original em inglês deve ser considerado oficial.

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The Lessons of 1989: Freedom and Our Future